sábado, 10 de abril de 2010

# Por quê?

     Quando minha tia resolveu me ensinar a bordar ponto cruz, explodi de felicidade. Fui à casa dela em uma tarde das férias, e só voltei à noite. Na minha, ainda continuei a fazer aquela seqüência de pontos até que mamãe mandasse eu tomar banho e dormir. Lembro como se fosse hoje. Lembro, também, que naquela mesma noite, eu sonhei que estava com uma agulha na mão, e que bordava sem parar a toalhinha branca que segurava. O que podia fazer? Era a descoberta do momento, eu estava eufórica com a novidade.
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     Há dois anos fiz a viagem da minha vida! Papai disse que ia tirar férias em julho, e a gente ia passar uma semana no friozinho do sul *-* Já havia viajado muito na vida, mas nada superava a expectativa do que estava por vir: conheceria meus dois amados irmãos! Não deu outra. Fiquei 3 semanas sem dormir: antes, durante, e após a viagem. Não conseguia conter a empolgação.
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     Esses dias eu fiquei triste. Estava me questionando porquê já não sonho tanto mais com você. Perguntei-me o que isso significaria. Teria meu sentimento, em algo, mudado? Parei e, enquanto via a chuva bater na janela, pasmei ao descobrir que sim.
     Há dois, três meses, você era a maior novidade da minha vida. Nossa saga estava começando a ser escrita. Começando, apenas. O que há três meses era novidade, hoje está inserido na minha rotina, e é constituinte essencial do meu dia-a-dia. Você deixou de ser um sonho, uma expectativa. Passou de novidade à integrante da minha vida. Passou a ser parte do que eu sou.

     Eu não sonho mais com bordados, não sonho mais com minha viagem, quase não sonho mais com você. O fogo de tudo isso passou. Porém, as lembranças permaneceram. Você permaneceu. E eu não ligo mais por você ter escapado dos meus sonhos. Prefiro você aqui, onde o tenho agora, em meus braços.

 

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